SANTOS E PECADORES: COMUNICAÇÃO VERSUS CRISE NA ERA DA INFORMAÇÃO (DIGITAL)
DE ARTEMIO REINALDO DE SOUZA
PREFÁCIO DE ANTÔNIO DIOMÁRIO DE QUEIROZ
Quando Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, de 1992 a 1996, vivi um momento muito rico do processo de comunicação social. As novas tecnologias da comunicação e da informação, com as suas poderosas ferramentas, chegavam com todas as forças na universidade, provocando mudanças profundas nos métodos e nas práticas da imprensa universitária. A presença do computador tornava obsoleto o uso das máquinas de datilografia e rompia o canal até então privilegiado do telégrafo e do fax, para trazer e levar notícias sob o controle rigoroso da Reitoria. A internet viabilizava a publicidade e a transparência dos atos dos gestores públicos, ampliando o universo de pessoas com acesso às informações desses atos a uma velocidade virtual, próxima do instantâneo.
Percebi essas condições como uma oportunidade de afirmação da política de comunicação social da UFSC, no contexto de uma nova cultura organizacional, pautada nos princípios da liberdade, do pluralismo ideológico, do respeito mútuo e da abertura da instituição para a sociedade.
Tornava-se necessário superar o conceito herdado de assessoria de imprensa, órgão subordinado ao Reitor com a função restrita de divulgar seus projetos, programas e planos de trabalho. Foi então criada a AGECOM, uma agência de comunicação independente, como órgão suplementar da universidade.
A AGECOM, além de dar continuidade à assessoria de imprensa ao Reitor, passava a conduzir a política de comunicação em suas múltiplas funções. Considerou-se o Jornal Universitário espaço aberto à expressão livre de todos. Fortaleceu-se o jornalismo científico. Facilitou-se o acesso externo dos órgãos de imprensa à informação produzida na universidade. Assegurou-se à Agência toda a infraestrutura avançada de comunicação para que pudesse utilizá-la com autonomia.
Artemio Reinaldo de Souza, neste livro, apresenta elementos conceituais e críticos importantes para a compreensão daquele momento vivido. E o faz com o olhar de hoje e com a qualidade acadêmica de sua dissertação de mestrado em Engenharia de Produção “A assessoria de imprensa e as novas tecnologias: a comunicação integrada como ferramenta de gestão da imagem organizacional”. Tem o mérito de realçar, ao longo do tempo, o conflito das possibilidades democráticas do novo processo de comunicação, em seu leque ampliado de funções, com as crises continuadas das instituições públicas, que se fecham em seus próprios espaços e corporativismos.
O autor enfatiza os novos paradigmas da comunicação, a eficácia difusora do jornalismo e a recente integração em rede das pessoas e das organizações. A comunicação passou a ser percebida como a base das interações cooperativas das pessoas e do processo de ensino-aprendizagem. Sua ação se torna indissociável da estratégia de comunicação.
Artêmio destaca, ao final, o direito à informação que invocam os cidadãos e os reflexos que isso significa para a gestão pública. Propõe então o conceito de comunicação social integrada para reforçar o conhecimento e o entendimento da sociedade sobre o papel e a importância da instituição.
Florianópolis, março de 2006.
Antônio Diomário de Queiroz.