Olho esta casa tão grande e as sombras do passado trazem tantas recordações, saudades e perguntas!
Por que as flores tão lindas que colorem nosso jardim não conseguem afastar a solidão nem a angústia do dia-a-dia nem o sorriso intranquilo nem o sossego da vida que teimam em brotar no coração!? Será que existe mesmo a felicidade?
As vozes da TV, a chuva que bate no telhado e o relógio que canta as horas com prazer quebram o silêncio da ausência sem fazerem vibrar a alma. E o sono tentador me transporta em sonho para onde cantam os anjos!
Será que a vida toda é uma miragem e que até o amor seja devaneio e que exista apenas efêmera alegria e que o futuro se esgote no próprio processo da criação?
Olha, amigo, você não sabe como idealizei o mundo e acreditei-me capaz de construir o paraíso inconsciente das fraquezas da condição humana! Mas teimo que a felicidade existe e que o amor vive em mim e que a vida é um renovar de esperanças!
Avanço naturalmente todos os dias na direção do Infinito pois Deus é presença eterna e nunca me deixa só!
Ele amanheceu chorando aos prantos no carrinho onde dormia solitário às margens do rio Tubarão pois lhe haviam roubado o dinheiro das vendas do siri pescado nas praias da Laguna!
Seu choro encontrou o coração bondoso de vovó Perpétua que correu em seu auxílio e da criança que até então desconhecia o tamanho da maldade no mundo!
Como pode alguém roubar tão pouco de quem o pouco é tudo?
Esta interrogação martela a alma da criança que ainda habita em mim!
Florianópolis, março de 2019
Informa sobre atividades de Antônio Diomário de Queiroz